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domingo, 1 de setembro de 2013

EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX







Os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos


Dodô Calixto
do Opera Mundi

O presidente estadunidense, Barack Obama, participou nessa quarta-feira (28), em Washington, de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.
De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.
“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.
No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.
Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.
“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.
Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.
Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.

Foto: Mother Jones Twitter @bet
 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ao trabalhador!





Engraçado. Estamos tão acostumados a confraternizar, e fazer festas em datas especiais que quando vamos falar do dia do trabalhador queremos apenas parabenizar como se fosse um aniversário. Pois bem, nos tempos que vivemos hoje falar de “trabalhador” não é somente lembrar os que trabalham, é também refletir as conseqüências que acontecem pelo fato de alguns terem deixado de trabalhar.
Não precisamos ir muito longe e qualquer pessoa em sã consciência pode observar que temos mais jovens nas ruas em dias e horários que antes eram dedicados ao trabalho; que tem mais pessoas nas calçadas olhando o movimento, que temos mais pessoas pobres só que agora bem vestidas e ainda tem quem fale que é porque as coisas melhoraram. O quê? Será que é exagerado dizer que nossos filhos estão nas drogas e na prostituição é porque não estão na escola? Que ficam tempo demais na rua é porque não estão trabalhando, ou melhor, “não tem o que fazer”?
Existem vários problemas que levaram a esse caos que somos obrigados a viver. Mas não se pode descartar a hipótese de que é porque “alguém deixou de fazer seu serviço”. A nossa sociedade é fruto do que fazemos, de modo que todos têm seu papel. O médico é importante porque cuida da saúde da população, o promotor porque defende as causas, o lavrador porque produz hortaliças e outros em fim, quando todos apresentam os frutos de sua dedicação a sociedade fica completa.
Quem conhece a história sabe: para que hoje tivéssemos direitos constitucionais, saúde e escola pública saneamento e outros benefícios foram necessárias lutas, cobranças, iniciativas populares e até mesmo mortes. Isso demonstra que não há vitórias sem empreitadas, bons resultados sem muito suor e dedicação nem um povo forte sem que sua cultura seja forte.
A culpa do problema é do governo, primeiro porque nossos representantes foram escolhidos com a finalidades de promover melhorias para a população e uma dessas é a criação de políticas públicas que gerem renda para famílias mais carentes, que gerem empregos comunitários que reforcem a produção agrícola, que fortaleça o mercado local que são as famosas “feiras livres”, que promova educação e saúde de qualidade, saneamento básico entre outros e não fazem; segundo porque são eles que dispõe de recurso públicos e mecanismos suficientes para fazerem acontecer todas essas coisas e omitem essa informação ou atropelam com pormenores.
Será que agora podemos entender melhor a pirâmide da sociedade no que se refere ao trabalho? Primeiro vem o governo que são pessoas que desempenham diferentes funções onde nenhuma delas podem falhar, depois vem as empresas que são instituições que também estão ou deveriam estar a serviço do povo e por ultimo a grande classe: funcionários públicos, autônomos e os lavradores. Se alguém dessa pirâmide não fizer seu serviço não se poderá medir as conseqüências. Não acredita? Então porque será que o preço da cesta básica está acelerando todos os dias? Não deve ser porque o comerciante quer, com certeza é porque não somos mais produtores, somente consumidores; será por que quê as filas dos hospitais estão maiores? Por quê não existem linhas aberta de crédito e incentivo fiscal para zona rural? Por quê que nosso povo está cedendo cega e livremente suas terras para empresas estatais e multinacionais que transformarão nossa região em um deserto? Por quê que nossa principal força de trabalho que são os jovens se rendeu para o trabalho escravo dessas mesmas firmas? Não podemos dize apenas que é porque as coisas mudaram, é preciso analisar, refletir. Tá na cara que o principal motivo é porque agora o governo não são mais pessoas que lutam pelo bem comum somente pelos próprios e que depois nós ficamos de braços cruzados assistindo passivamente essas coisas acontecerem.

As maiores conquistas  do mundo foram atingidas por homens cansados que nunca deixaram de trabalhar (...).


Isaque de Freitas...