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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Agricultores Familiares do Assentamento Remanso fazem exposição de seus produtos na Semana de Ciência e Tecnologia do IFMA

Fortes, criativos e determinados como sempre, alguns produtores do Assentamento Remanso, participou do evento Semana de Ciência e Tecnologia do IFMA, expondo e comercializando produtos da agricultura Familiar, desde os naturais como frutas, verduras e hortaliças, até derivados como: doces, geleias, pizza de caju, e sorvetes.
A iniciativa, sob apoio logístico da CPT (comissão Pastoral da Terra) e parceiros, na oportunidade em que se discutia em mesa redonda o tema: "A importância da agricultura Familiar para o desenvolvimento da Região", reforçou a tese de que, se houver políticas de incentivo à produção e comercialização dos produtos oriundos de atividades agrícolas do pequeno produtor, teremos soberania alimentar, saúde alimentar e promoção humana e social no campo para um grande número de pessoas, reduzido problemas como a sucessão e o êxodo rural, a fome, a pobreza e até o crescimento da criminalidade.
A ideia convida à se ter  uma reflexão por parte do poder público à respeito do avanço do agronegócio em detrimento da necessidade de fortalecer a agricultura familiar e as políticas de incentivo e permanência do homem no campo, com financiamento, apoio técnico e com politicas de escoamento dos produtos, visando a emancipação dos povos do campo dentro do seu berço cultural.

domingo, 21 de outubro de 2018

A MINHA BANDEIRA, JAMAIS SERÁ VERMELHA!

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Esse clamor tem se tornado latente nos últimos anos, especialmente com a ascensão politica do PT. Um gemido forte que ganhou espaço na mídia, nos discursos políticos, e nas declarações de diversos cidadãos espalhados pelo país.
Nota-se que, nas duas últimas eleições presidenciais, onde uma porção significativa do eleitorado que aspirava a vitória de Aécio Neves em 2014, e atualmente, de Jair Bolsonaro, este grito tem se tornado cada vez mais retumbante e já beira a violência física e psicológica.  Todavia, é oportuno enfatizar, que neste provérbio político há uma ideologia impregnada que para os letrados de direita se configura em uma escolha partidária, e para os colonizados de direita, apenas um grito de guerra dos seus ídolos. Mesmo assim, ao ver tanto os letrados quanto os colonizados estufarem os peitos e de mãos erguidas bradarem “a minha bandeira jamais será vermelha” me vem além, da angústia ante tamanha crueldade para aqueles e ingenuidade para estes, uma latejante vontade de lhes perguntar: por quê?
E mesmo que eu nunca pergunte em uma situação eufórica como de costume se ver tal ditado, posso imaginar suas razões para não querer uma bandeira vermelha. E a primeira delas, e tenho segurança ao afirmar, é que uns omitem e outros não sabem que nenhum partido de esquerda ainda não apresentou projeto de lei, ou verbalizou esse desejo nem em campanha eleitoral, nem em pleito conquistado, – fala-se daqueles com poder de decisão em situações públicas nacionais–; destaca-se, por exemplo, o PT que em 13 anos, não o fez. Apesar da verdade assim como é, me ponho a olhar a estrutura da bandeira atual e me perguntar: o que é ordem? E o que é progresso? Esse pensamento positivista ainda nos representa? E esse verde, precisa mesmo ocupar todo esse espaço, já que nossas matas foram asfixiadas? Quanto de história da construção desse país tem na bandeira? E para mudar, dado a diversidade de opiniões, não seria  com plebiscito?
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 Ante este incontestável fato, imagino que se estes cidadãos seguem ecoando seu repúdio quanto a cor da “bandeira vermelha”, é porque talvez ignore de propósito ou ingenuamente que nossa história foi construída –com o vermelho–, o vermelho do sangue dos índios escravizados, massacrados pelos colonizadores europeus; o vermelho dos negros arrancados de suas origens para, confinados em um destino servil animalesco, doarem suas vidas involuntariamente sob sol, chuva, fome, peso pesado e chicote, caso aceitasse a sina, caso não, era o ferro que os feriam de morte; o sangue dos negros que, embora escravos, se revoltavam e fugiam Brasil a dentro se organizando em formas de sobrevivência e resistência, formando os quilombos, onde havia os primeiros inconfidentes organizados; –salve o líder Zumbi dos Palmares (1695), que eternizou uma parte de nossa história com duas coisas: sua luta de vida e uma frase “Só fica escravo, aquele que tem medo de morrer”; o vermelho dos revoltosos na inconfidência baiana, condenados por combater a tirania do império; o consagrado Tiradentes, morto em 1792, –a quem posso chamar de “um mártir da independência”– seguido dos outros inconfidentes que deixaram seu sangue na luta contra o poder colonial;  o sangue derramado na luta contra um sistema opressor que gera pobreza, na cabanagem em 1840; o sangue de negros e camponeses, ambos escravos (até hoje) do mesmo sistema opressor, na luta por melhores condições de vida na guerra dos bem-te-vis ou Balaiada, no Maranhão em 1841; o sangue dos mais de 20 mil moribundos entre homens, mulheres e crianças em 1896 na Bahia, – massacrados sob a falsa e oficial desculpa de combate ao anarquismo, primeira grande obra do Exército brasileiro–, que exterminaram brutalmente aqueles que não queriam nada mais que pão e água, terra e teto; o massacre militar de Eldorado dos Carajás no Pará em 1996, que ceifou brutalmente a vida de 19 trabalhadores que lutavam por terra para viver e ser feliz, o maior massacre contra os “Sem Terras” já registrado; o sangue de lideranças que lutaram ao lado do povo, seja no seguimento camponeses, sindicalistas ou personagens políticos republicanos que deixaram semeada uma luta de sangue como aconteceu com cerca de 1.196 camponeses assassinados por disputa de terras na Ditadura Militar e as mais de 434 lideranças políticas mortas e desaparecidas também na ditadura militar, somados com mais de 6 mil pessoas perseguidas ou torturadas e que sobreviveram para contar a história, somados ainda à perseguição de milhares de policiais, que se opunham ao regime ditador, de acordo com dados da comissão nacional da verdade CNV, que conseguiu identificar, pois as provas eram extraviadas e apenas um torturador foi condenado pelo STF 28 anos depois; o sangue do Padre Josimo, coordenador da CPT, órgão que luta pela identificação, acompanhamento e organização dos povos sofridos do campo em situação de vulnerabilidade dos seus direitos, foi covardemente assassinado por fazendeiros grileiros em Imperatriz - MA em 1986; sangues de lideranças como Irmã Dorothy, uma senhora missionaria de 73 anos que foi assassinada em Anapu no Pará, por defender terras para um grupo de camponeses em um sistema conhecido como PDS, programa de desenvolvimento sustentável, –seus assassinos e mandantes gozam de liberdade–; e os sangues de diversos camponeses, lideranças defensores de direitos humanos, indígenas, quilombolas e posseiros, que ainda sangram sempre pela mesma razão: uma dignidade de vida para os mais pobres. Ponha-se um etc. na lista que transcende o espaço histórico do território brasileiro.
Talvez você, que não quer sua bandeira vermelha apesar de todos estes fatos, esteja claramente como um defensor da morte dos oprimidos pelo poder, ou talvez seja um ignorante da história repetindo um grito de guerra politico partidário. Para ambos os casos, e partilhando do mesmo pensamento que os milhares que derramaram seus sangues, os que derramam, e os que estão prontos para derramar sempre em defesa da justiça, afirmo que nossa bandeira oficial, independente do partido politico, pode sem problemas, ser verde, amarelo, azul e branco, e com os verbetes: “ordem e progresso”; mas nossa bandeira de luta, que representa a história dos antepassados que deram suas vidas por nós; a bandeira que será o estandarte da razão de seguir lutando, esta será vermelha em dois momentos: no primeiro, será enquanto a ordem da bandeira oficial não for para “todos terem casa digna para morar, terra para trabalhar e subsistir, direito digno à saúde e educação e ser respaldado no direito de promoção humana e social o que chamaríamos de progresso”, no segundo será depois que abaixarmos o Estado opressor e solidificarmos a democracia, teremos uma bandeira oficial com as cores atuais e uma bandeira vermelha cravada em nossos corações como uma insígnia de orgulho pelo que fazemos, mas caso haja um plebiscito e literalmente a bandeira oficial seja vermelha, representará tão bem nossa história, a história da maioria.

“um homem ou mulher só encontra sua plenitude quando escolhe a razão, pela qual decide viver e morrer”. (...)
Isaque de Freitas, professor da Rede Estadual de Ensino Médio - MA