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terça-feira, 28 de agosto de 2012

CARTA DE DOM FRANCO CUTER SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2012


DIOCESE DE GRAJAÚ-MA

A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros. (A.O. 46)

Prezados irmãos e irmãs,

Nestes meses em que acompanhamos o processo, que levará à renovação das administrações políticas das nossas cidades, sinto a necessidade de dar umas orientações éticas, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, para iluminar os comportamentos dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade.
Sem dúvida a frase, que vocês encontram no cabeçalho desta carta, escrita pelo Papa Paulo VI na Carta Apostólica “Octogesima adveniens”, sintetiza de forma contundente a visão cristã da Política. De fato já o termo grego, do qual provem a palavra “política”, quer dizer “a arte/a capacidade de administrar a cidade”. Agora a frase do Papa Paulo VI sublinha que, quem quiser se deparar com esta arte, com esta tarefa, deve ser animado por uma disponibilidade extraordinária ao serviço, à doação; por que isso? Porque o Político autêntico é aquele que, tendo em vista o Bem Comum, ou seja, da sociedade como um todo, procura implementar aquelas ações que atendem as camadas mais pobres da nossa sociedade, favorecendo reais e profundos processos de integração social e de emancipação sócio-econômica, de forma que sejam reduzidas as desigualdades sociais e todos possam participar “da corrida da vida” com iguais oportunidades e de acordo com seus próprios talentos naturais.
Infelizmente, apesar desta visão tão alta, que a Igreja tem da Política, a nossa experiência concreta dos políticos que temos é bem parecida com o que se diz na recente “Nota da CNBB sobre a ética pública” 22/06/2012: “Como não denunciar a grande criminalidade dos que desviam, em proveito pessoal, enormes somas dos órgãos públicos, provocando escândalo e revolta, muitas vezes impotentes, da parte dos humildes, a quem estavam destinados esses bens? Como não solicitar que os crimes mais graves sejam punidos e que a lei não seja severa apenas com os pequenos infratores, sem jamais atingir os poderosos e espertos? Como tolerar que a um grande número de denúncias comprovadas de corrupção e prejuízo dos cofres públicos não corresponda igual número de punições e ressarcimentos? A impunidade é um incentivo constante para novos crimes e novas violências(CNBB, Ética, Pessoa e Sociedade, n. 143, 1993).
Nesta situação o que podemos fazer, para não se deixar levar pelo desespero ou a rejeição de tudo que tem a ver com a politica?
- 1) Rejeitar a ideia que, para entrar na política, é preciso ser corrupto. Mesmo que a custa de muito sofrimento, um político pode ser honesto.
- 2) Rejeitar o apoio eleitoral àqueles “políticos” notoriamente corruptos ou envolvidos com quadrilhas e atos de banditismos.
- 3) Ir além do ditado popular: “Roubou, mas fez alguma coisa” e ter a coragem de julgar nas urnas os administradores que mal fizeram ou que se aproveitaram do dinheiro público.
- 4) Se houverem, apoiar candidatos notoriamente honestos, mesmo que não tenham muitas chances de serem eleitos.
- 5) Na hora do voto se colocar perante Deus e votar em acordo com a própria consciência, independentemente do que foi declarado ao público.

QUE O DEUS DA VIDA NOS AJUDE A ESTARMOS SEMPRE A SERVIÇO DA VIDA E DA DIGNINIDADE DE TODOS!


Grajaú-MA, 22 de agosto de 2012.