DIOCESE DE GRAJAÚ-MA
A
política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o
compromisso cristão, ao serviço dos outros. (A.O. 46)
Prezados
irmãos e irmãs,
Nestes
meses em que acompanhamos o processo, que levará à renovação das administrações
políticas das nossas cidades, sinto a necessidade de dar umas orientações
éticas, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, para iluminar os
comportamentos dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade.
Sem
dúvida a frase, que vocês encontram no cabeçalho desta carta, escrita pelo Papa
Paulo VI na Carta Apostólica “Octogesima adveniens”, sintetiza de forma contundente
a visão cristã da Política. De fato já o termo grego, do qual provem a palavra
“política”, quer dizer “a arte/a capacidade de administrar a cidade”. Agora a
frase do Papa Paulo VI sublinha que, quem quiser se deparar com esta arte, com
esta tarefa, deve ser animado por uma disponibilidade extraordinária ao
serviço, à doação; por que isso? Porque o Político autêntico é aquele que,
tendo em vista o Bem Comum, ou seja, da sociedade como um todo, procura
implementar aquelas ações que atendem as camadas mais pobres da nossa
sociedade, favorecendo reais e profundos processos de integração social e de
emancipação sócio-econômica, de forma que sejam reduzidas as desigualdades
sociais e todos possam participar “da corrida da vida” com iguais oportunidades
e de acordo com seus próprios talentos naturais.
Infelizmente,
apesar desta visão tão alta, que a Igreja tem da Política, a nossa experiência
concreta dos políticos que temos é bem parecida com o que se diz na recente “Nota da CNBB sobre a ética pública”
22/06/2012: “Como não denunciar a grande
criminalidade dos que desviam, em proveito pessoal, enormes somas dos órgãos
públicos, provocando escândalo e revolta, muitas vezes impotentes, da parte dos
humildes, a quem estavam destinados esses bens? Como não solicitar que os
crimes mais graves sejam punidos e que a lei não seja severa apenas com os
pequenos infratores, sem jamais atingir os poderosos e espertos? Como tolerar
que a um grande número de denúncias comprovadas de corrupção e prejuízo dos
cofres públicos não corresponda igual número de punições e ressarcimentos? A
impunidade é um incentivo constante para novos crimes e novas violências” (CNBB, Ética, Pessoa e Sociedade, n. 143,
1993).
Nesta
situação o que podemos fazer, para não se deixar levar pelo desespero ou a
rejeição de tudo que tem a ver com a politica?
- 1) Rejeitar a
ideia que, para entrar na política, é preciso ser corrupto. Mesmo que a custa
de muito sofrimento, um político pode ser honesto.
- 2) Rejeitar o
apoio eleitoral àqueles “políticos” notoriamente corruptos ou envolvidos com
quadrilhas e atos de banditismos.
- 3) Ir além do
ditado popular: “Roubou, mas fez alguma coisa” e ter a coragem de julgar nas
urnas os administradores que mal fizeram ou que se aproveitaram do dinheiro
público.
- 4) Se houverem,
apoiar candidatos notoriamente honestos, mesmo que não tenham muitas chances de
serem eleitos.
- 5) Na hora do
voto se colocar perante Deus e votar em acordo com a própria consciência,
independentemente do que foi declarado ao público.
QUE O DEUS DA VIDA NOS AJUDE A
ESTARMOS SEMPRE A SERVIÇO DA VIDA E DA DIGNINIDADE DE TODOS!
Grajaú-MA, 22 de agosto de 2012.